sexta-feira, 31 de julho de 2009

O perigo que vem das dunas - Carros 4x4 e quadriciclos não circulam irregularmente só na beira da praia. Nas dunas do Cumbuco, em Caucaia, eles são uma ameaça à segurança.

clip_image001

O problema dos buggys piratas - aqueles não cadastrados pela Prefeitura -, acabou nas dunas do Cumbuco. O embate agora é entre os bugueiros credenciados e os motoristas de fim de semana. Há 12 anos, os buggys, até então espalhados por cinco restaurantes da praia, se organizaram em duas cooperativas.

O principal objetivo era traçar uma única trilha para os passeios, o que reduz o risco de batidas. O motorista de fim de semana sobe as dunas no 4X4 ou no quadriciclo fazendo a trilha que quer. “Em cima do morro não tem sinalização, por isso é importante a fila única. Quase todo fim de semana a gente toma um susto com um cara aparecendo do nada”, diz Fausto Alves, 50, bugueiro há 12.
Em dezembro, José Sampaio, 42, subia uma duna quando um quadriciclo surgiu na direção contrária e o atingiu na lateral. “Ele ficou três, quatro dias em coma. Não sei como não morreu”, conta José. No último sábado, um quadriciclo virou na Lagoa do Banana.
Pequenos acidentes como esse são comuns, segundo os bugueiros. Pela lei municipal, só estão autorizados a subir nas dunas os 103 bugueiros cadastrados. Carros 4X4 flagrados são multados em R$ 85. Os quadriciclos são mais complicados de fiscalizar. Pela lei, são veículos agrários, ou seja, só poderiam circular em fazendas. Sem exigência de placa ou habilitação, o tráfego do quadriciclo não pode ser normatizado pelo Departamento Nacional de Trânsito.

Fiscalização
“Estamos estudando para resolver esse problema aqui. Por enquanto, estamos no trabalho educativo”, diz o presidente da autarquia de trânsito de Caucaia, coronel Antônio Gonzaga. De acordo com ele, no fim de semana cerca de 60 quadriciclos se reúnem num posto de gasolina na entrada do Cumbuco.
Na praia, há vários veículos do tipo para o turista alugar. A fiscalização circula pelas dunas diariamente em época de alta temporada. Ontem de manhã, O POVO encontrou a caminhonete dirigida pelo fiscal da Secretaria de Transporte. Junto com ele vai o agente da autarquia de trânsito do município e o fiscal do Instituto do Meio Ambiente (IMAC).
O grupo trabalha sempre junto. “É uma maneira de inibir mais”, explica o agente do IMAC, Victor Lima. Pela legislação nacional, é crime ambiental trafegar em dunas móveis.

Com emoção

clip_image001[4]

O paulista Vagner Cunha, 39, encarou o passeio "com emoção" na companhia dos filhos, Danilo, 11, Fernando, 4, e Beatriz, 7. "Fico tranquilo com o buggy cadastrado" diz. Antes do passeio, que dura 1h10 e custa R$ 120, a família recebeu algumas orientações. "É importante ficar sentado o tempo todo", diz.

DICAS
> O movimento de buggys nas dunas do Cumbuco aumenta muito em julho. Os 103 buggys cadastrados pela Prefeitura fazem em média dois passeios por dia, às vezes, três. Fora da temporada, o bugueiro fica até dois dias sem trabalhar.
> Os bugueiros cadastrados no Cumbuco passam por cursos de capacitação onde aprendem noções de inglês, primeiros socorros e relações interpessoais.
> Além dos bugueiros do Cumbuco, o turista encontra o serviço na Prainha, Lagoinha, Morro Branco, Canoa Quebrada e Jericoacoara.
Segurança
> De manhã cedo, quatro bugueiros fazem o reconhecimento da trilha. Qualquer alteração é comunicada para o resto do grupo. Em época de vento forte, mudanças pequenas são mais comuns.
> Cada buggy leva no máximo quatro pessoas.
> O buggy deve estar com a manutenção em dia.
> Todos devem permanecer sentados durante o passeio.
> Os bugueiros não levam turistas alcoolizados nem aceitam que bebam durante o passeio.
> Óculos escuros ajudam a proteger os olhos da areia.